segunda-feira, 6 de junho de 2011

Uma mente inquieta página 3

Kay, filha de um oficial de carreira da Força Aérea, cientista e piloto, seu irmão, sua irmã e sua mãe em conseqüência da profissão do pai, como em diversas famílias de militares, tiveram a necessidade de se mudarem inúmeras vezes, porém, especialmente sua mãe preocupava-se em manter a vida da família de modo mais estabilizado o quanto fosse possível.
Apesar de uma criação bastante rígida, teve de seus pais apoio em tudo aquilo que achava interessante: escrever poesias e peças escolares, assim como pela ciência e medicina. Nenhum deles limitava seus sonhos, apaixonadamente fortes e absolutos. Aos quinze anos ela foi a um “passeio” no hospital psiquiátrico federal no Distrito de Colúmbia, ansiosa para conhecer o que seria o universo dos loucos. A despeito da aparência nada agradável do hospital, ela ficou tanto fascinada quanto assustada com a estranheza dos pacientes.
Entre os dezesseis e dezessete anos, Kay, que já havia percebido as alterações de humores de seu pai, descobriu também as suas próprias alterações. A energia e o entusiasmo de Kay eram capazes de deixar exaustas as pessoas que a circundavam, ouvia de seus amigos coisas do tipo: “mais devagar”, “você está me
matando de cansaço”, “você está falando rápido demais”. Todavia, na escola ocupava posições de liderança, além de ser atuante nos esportes e em diversas atividades extracurriculares. Foi justamente nesta fase que ela sofreu sua primeira crise maníaco-depressiva.
“[...] Uma vez iniciado o cerco, perdi a razão rapidamente. No início, tudo parecia tão fácil. Eu corria de um lado para o outro como uma doninha enlouquecida, cheia de planos e entusiasmos borbulhantes, mergulhada nos esportes, passando a noite inteira acordada, noite após noite, saindo com amigos, lendo tudo que me caísse nas mãos, enchendo cadernos com poemas e fragmentos de peças, e fazendo planos extensos, totalmente fora da realidade, para o futuro. O mundo era só prazer e esperança; eu me sentia realmente ótima. Tinha a impressão de que conseguiria fazer qualquer coisa, de que nenhuma tarefa seria difícil demais. Minha cabeça parecia ter clareza, uma capacidade de concentração fabulosa, e ter condições de fazer saltos matemáticos intuitivos.
[...]
 

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