quarta-feira, 8 de junho de 2011

Uma mente inquieta página 4

Eu finalmente reduzi a velocidade. Na realidade, parei de uma vez. [...] E então o chão começou a sumir debaixo da minha vida e da minha cabeça. Meu raciocínio, longe de ser límpido como um cristal, ficou tortuoso. Eu lia o mesmo trecho repetidas vezes, só para perceber que não tinha nenhuma lembrança do
que acabava de ler. [...] Nada fazia sentido. Eu não conseguia nem começar a acompanhar a matéria apresentada nas aulas e me via olhando pela janela sem fazer a menor idéia do que estava acontecendo a minha volta. Foi assustador.
Eu estava acostumada a que minha mente fosse minha melhor amiga; [...]. Agora, de repente, ela se voltava contra mim: zombava dos meus entusiasmos insossos; ria dos meus planos tolos; já não considerava nada interessante, divertido ou digno de atenção. Ela estava incapaz de concentrar o raciocínio e se voltava continuamente para o tema da morte: eu ia morrer, que diferença fazia qualquer coisa? O curso da vida era breve e sem significado, por que viver? Eu me sentia totalmente exausta e mal conseguia me forçar a sair da cama de manhã.[...]
Não faço a menor idéia de como consegui passar por normal na escola, a não ser porque as pessoas geralmente estão envolvidas com suas próprias vidas e raramente notam o desespero nos outros se os que estão em desespero fazem um esforço para disfarçar a dor. [...] Havia sido criada de modo a acreditar que
as pessoas devem guardar seus problemas para si. Partindo-se daí, revelou-se profundamente fácil manter meus amigos e minha família a uma distância psicológica. “Efetivamente”, escreveu Hugo Wolf “às vezes pareço alegre e afável; converso também com os outros de modo bastante razoável; e a impressão é de que, só Deus sabe como, me sinto bem. No entanto, a alma permanece no seu sono mortal, e o coração sangra por mil feridas abertas.”
[...]
Em retrospectiva, fico assombrada de ter sobrevivido, de ter sobrevivido sozinha [...]. Amadureci rapidamente durante aqueles meses, como seria necessário com tanta perda da identidade, tanta proximidade da morte e tanta distância de algum refúgio.” (p.43 – 48) 

Aos dezoitos anos, Kay iniciou seus estudos de graduação na Universidade da Califórnia, Los Angeles – UCLA. Durante a faculdade a instabilidade de humor assumiu um aspecto sedutor e exagerado. Com idéias e energias em excesso vivia de modo exagerado suas fases de animação, onde ela era capaz de longos períodos de trabalhos árduos, mas que a faziam bem. Uma vida de exageros...


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